Atualmente, muitas pesquisas procuram desenvolver matérias-primas semelhantes aos plásticos que sejam recicláveis e biodegradáveis.
Um grande avanço nessa área foi a produção do plástico verde ou polietileno verde proveniente do etanol da cana-de-açúcar. Esse produto é 100% reciclável e não polui o solo ou a atmosfera.
Essas matérias-primas têm o potencial de substituir os plásticos de origem fóssil, derivados do petróleo, utilizados atualmente em sacolas, brinquedos e utensílios domésticos.
O polietileno, por exemplo, é um polímero resultante da adição sucessiva de várias moléculas de etileno (ou eteno). Com ele, são fabricados inúmeros objetos, como garrafas de água, sacos plásticos, toalhas de mesa e vários outros tipos de embalagens.
O problema é que esse plástico não é biodegradável, ou seja, não é degradado por microorganismos, como fungos e bactérias. Assim, quando é descartado, ele acaba permanecendo no meio ambiente por décadas ou até séculos. Além disso, o plástico contribui para o acréscimo de gás carbônico na atmosfera, o principal causador do aquecimento global.
Conheça iniciativas de reciclagem de plástico no Brasil
Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST), o índice de reciclagem do total de embalagens produzidas no Brasil está em torno de 24%.
O País gera anualmente cerca de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (garrafas PET, lata de alumínio, papel, vidro, latas de aço e embalagens longa vida). Desse montante, apenas 43,3 milhões de toneladas, 59,5% do coletado, foram dispostas em aterros sanitários.
De acordo com a PICPlast, a maioria do plástico reciclado no Brasil tem origem no pós-consumo doméstico (52,5%). O restante se divide entre pós-consumo não doméstico (19,5%) e resíduo pós-industrial (28%).
A matéria-prima chega aos recicladores por meio das próprias indústrias plásticas, (28%), sucateiros (26%), beneficiadores (17%), cooperativas (12%), empresas de gestão de resíduos (8%), catadores (4%), direto da fonte geradora (3%) e aterros (2%).
O problema é que quase metade dos municípios brasileiros (49,9%) ainda despeja resíduos em lixões – depósitos irregulares e ilegais, segundo o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU). Para agravar essa situação, apenas 3,85% desses resíduos são reciclados.
Acompanhe o crescimento da reciclagem no País
Nota-se também que o Brasil já possui uma indústria recicladora de plástico madura e diversificada, mas que precisa de mais estímulos para se expandir.
Em 2019 o volume reciclado de plástico pós-consumo foi de 838 mil toneladas, enquanto em 2018 foram recicladas 757 mil toneladas. O índice de reciclagem pós-consumo em 2019 foi de 24%, enquanto em 2018 esse número era de 22,1%. O levantamento foi realizado pela MaxiQuim e encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), parceria entre a Abiplast e a Braskem.
Segundo a pesquisa, em 2019 foram consumidas 1,3 milhão de toneladas de resíduo plástico na reciclagem, com crescimento de 5,2% em comparação a 2018. Desse total, 953 mil toneladas são de plástico pós-consumo, ou seja, material descartado em domicílios residenciais, estabelecimentos comerciais, escritórios, entre outros.
Além disso, o Brasil consumiu 370 mil toneladas de plástico industrial, como sobras dos processos da indústria petroquímica, de transformação de plásticos e da própria reciclagem de plásticos.
Saiba como o plástico é reaproveitado pela indústria
Em função de suas propriedades de resistência e leveza, o plástico está fortemente presente em setores como construção civil, automóveis, autopeças, móveis e eletrônicos. Essas aplicações de ciclo longo são responsáveis por mais de 52% do mercado consumidor de produtos plásticos.
Ainda segundo a Abiplast, os principais consumidores de transformados plásticos no Brasil são:
- Construção civil (23,8%);
- Automóveis e autopeças (7,2%);
- Produtos de metal (5,6%);
- Máquinas e equipamentos (5,6%);
- Móveis (4,6%);
- Eletrônicos (1,9%);
- Transportes e outros equipamentos (0,6%).
Veja como o plástico reciclado é usado na rotomoldagem
O processo de rotomoldagem apresenta um grande aproveitamento das matérias-primas, com baixa geração de tensões residuais. No processo de rotomoldagem, a quase totalidade das empresas brasileiras de transformação – cerca de 99% – possui moinhos para a recuperação de sobras do processo produtivo, como borras, aparas e canais de alimentação, segundo pesquisa realizada pela revista Plástico Industrial.
http://www.arandanet.com.br/revista/pi/materia/2018/03/13/reciclagem_de_materiais.html
Porém, quando a matéria-prima são produtos reciclados, contaminados, compostos, laminados ou multicamadas, que envolvem triagem e separação, esse processo se torna mais complexo. Algumas empresas vêm desenvolvendo soluções para reciclar materiais plásticos e reintroduzi-los no mercado de transformação na forma de grânulos.
Conheça os desafios para o futuro da reciclagem
A maior dificuldade da indústria de reciclagem é o acesso dos transformadores ao plástico a ser reciclado. Ainda em fase de regulamentação, a legislação sobre a reciclagem do plástico deve proporcionar grande fôlego ao setor, que tem um grande potencial de evolução para os próximos anos.
Portanto, a reciclagem do plástico ainda tem muito espaço para crescer e precisa ser mais estimulada no país. Para ampliar o índice de pós-consumo, busca-se a criação de sistemas de coleta desse tipo de resíduos nas cidades brasileiras – apenas 18% dos mais de 5,5 mil municípios do país apresentam algum tipo de sistema de coleta seletiva.
Como vimos, a indústria de processamento de plástico vem promovendo esforços crescentes para a reciclagem de materiais pós-consumo, como o desenvolvimento de bioplásticos e a reciclagem dos produtos industrializados.